A cada cinco minutos uma pessoa é vítima de derrame no Brasil
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido
como derrame, é uma das principais causas de morte e de sequelas no mundo e no
Brasil. A doença cerebrovascular atinge 16 milhões de pessoas ao redor do globo
a cada ano. Dessas, seis milhões morrem. Por isso, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) recomenda a adoção de medidas urgentes para a prevenção e
tratamento da doença.
O risco de AVC aumenta com a idade, sobretudo após os 55
anos. O aparecimento da doença em pessoas mais jovens está mais associado a
alterações genéticas. Pessoas da raça negra e com histórico familiar de doenças
cardiovasculares também têm mais chances de ter um derrame.
No Brasil, são registradas cerca de 68 mil mortes por AVC
anualmente. Um número ligeiramente inferior ao registrado no ano anterior: 68,9
mil. A doença representa a primeira causa de morte e incapacidade no País, o
que gera grande impacto econômico e social.
Por isso, o governo federal prioriza o combate à doença com
foco na prevenção, uma vez que 90% dos casos podem ser evitados. E, caso
ocorra, o paciente pode ser tratado, se chegar rápido a um hospital preparado
para dar o atendimento imediato.
Como consequência, foi elaborada “A Linha de Cuidado do AVC”
na Rede de Atenção às Urgências. Ela deve incluir a rede básica de saúde, SAMU,
unidades hospitalares de emergência e leitos de retaguarda, reabilitação
ambulatorial, programas de atenção domiciliar, entre outros aspectos.
O Ministério da Saúde deve investir, até 2014, R$ 437
milhões para ampliar a assistência a vítimas de Acidente Vascular Cerebral. Boa
parte deste montante (R$ 370 milhões) será destinado ao financiamento de leitos
hospitalares em 151 cidades. O restante vai ser aplicado no tratamento
trombolítico (uso de medicação para desfazer o coágulo e normalizar o fluxo
sanguíneo que chega ao cérebro).
O AVC decorre da insuficiência no fluxo sanguíneo em uma
determinada área do cérebro e tem diferentes causas: malformação arterial
cerebral (aneurisma), hipertensão arterial, cardiopatia, tromboembolia
(bloqueio da artéria pulmonar).
Segundo o Ministério da Saúde, o fumo é responsável por
cerca de 25% das doenças vasculares, entre elas, o derrame cerebral.
O mais comum é o paciente que sofreu um AVC apresentar
sequelas. Entre as mais frequentes estão dificuldade na fala e paralisação de
parte do corpo.
O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, que
permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral. Há
dois principais tipos de AVC: o isquêmico (85% dos casos), quando há parada do
sangue que chega ao cérebro, provocado pela obstrução dos vasos sanguíneos; e o
hemorrágico, ligado a quadros de hipertensão arterial que causa hemorragia
dentro do tecido cerebral.
Os sintomas do AVC isquêmico são fraqueza de um lado do
corpo, dificuldade para falar, perda de visão e perda da sensibilidade de um
lado do corpo. Normalmente, o tipo hemorrágico traz avisos, como alteração
motora, paralisia de um lado do corpo, distúrbio de linguagem, distúrbio
sensitivo, alteração no nível de consciência. Mas todos os sinais dependem do
local do cérebro que foi acometido. É o mais grave e tem altos índices de
mortalidade.
O neurologista Fábio Porto alerta que é muito comum o idoso
apresentar o AVC mais de uma vez. Nesse caso, a somatória de lesões no cérebro
pode dar problemas de memória. “Hoje as isquemias cerebrais têm grande
contribuição para os casos de demência no País”, afirma.
A médica Sonia Brucki, do Departamento Científico de
Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia,
explica que muitas vezes o derrame traz alguns sinais, mas na maior parte dos
casos não vem com avisos. “O importante é manter a saúde em ordem, fazer sempre
um acompanhamento – uma vez por ano, para quem não tem nenhum problema”,
orienta.
O tratamento preventivo engloba o controle de vários fatores
de risco vasculares como a pressão arterial, diabetes, colesterol, triglicérides,
doenças cardíacas, além da necessidade de não fumar, ter uma alimentação
saudável e praticar exercícios físicos.
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