*Texto elaborado pelo departamento científico
da VP Consultoria Nutricional
Originário da região norte brasileira, o fruto da
palmeira de nome científico Euterpe oleracea popularizou-se em todo o
território nacional nas formas de sucos, polpas, sorvetes e tigelas. O açaí é
venerado por quem busca ganho de massa muscular, por ser considerado um
alimento “energético”, mas por outro lado, é temido por muitos, devido a sua
elevada densidade calórica. Uma análise mais aprofundada das propriedades
nutricionais desta fruta nos permite concluir que esta possui benefícios até
para quem busca perda ponderal, afinal, densidade energética não é a única nem
a principal característica do alimento que o torna obesogênico ou não. O açaí é
extremamente antioxidante, propriedade que o torna útil na prevenção de
cânceres. Esta característica foi explorada recentemente em reportagem de uma
revista de grande circulação no Brasil.
As polpas de açaí congeladas comercializadas no
Brasil possuem em média, em cada cem gramas, 0,8g de proteínas, 3,9g de
lipídios, 6,2g de carboidratos e 2,6g de fibras. Dos lipídios, prevalece o
ácido graxo monoinsaturado oleico, o mesmo encontrado no azeite de oliva e
associado à cardioproteção. Por ser rico em lipídios e fibras e pobre em
carboidratos se comparado a outras frutas, o açaí possui baixos índice e carga
glicêmica, ou seja: sua ingestão não causa picos de glicemia e insulinemia,
associados a aumento de gordura corporal e do risco de doenças crônicas não
transmissíveis.
Entre os micronutrientes presentes no açaí,
destacam-se a vitamina E (importante antioxidante) e minerais, como manganês
(também antioxidante e importante para a saúde óssea), magnésio (essencial à
geração e utilização de energia no corpo), cálcio (que age na contração
muscular, transmissão do impulso nervoso e na formação dos ossos) e cromo
(necessário para uma boa atuação do hormônio insulina). Apesar de não ser
grande fonte de ferro, o açaí possui propriedades antianêmicas, talvez por
reduzir a inflamação e por consequência, aumentar a disponibilidade de ferro
para formação de hemoglobina.
O açaí é extremamente rico em compostos fenólicos
que possuem atividade antioxidante e anti-inflamatória. Entre esses compostos,
prevalecem as antocianinas, responsáveis pela cor escura da fruta. Devido à
abundância dessas substâncias, pesquisas científicas têm associado o consumo de
açaí a prevenção de câncer, doenças cardiovasculares, processos
alérgicos, doenças neurodegenerativas e aumento da longevidade. Ao contrário do
que é pregado, por seu alto teor calórico, o açaí tem demonstrado ser uma boa
opção para indivíduos obesos ou com sobrepeso. Em uma pesquisa, 10 adultos com
sobrepeso consumiram açaí diariamente por um mês, e tiveram reduzidos, os
níveis de insulina e glicemia de jejum, glicemia pós-prandial e LDL-colesterol.
Com base em dados científicos, podemos abrir mão de
“dogmas” que permeiam a nutrição, como o que afirma que alimentos calóricos são
necessariamente causadores de obesidade e doenças a esta relacionada. O consumo
de açaí deve ser encorajado, inclusive entre indivíduos obesos ou com
sobrepeso, desde que inserido em uma dieta individualizada, nutricionalmente
balanceada e orientada por nutricionista. As tradicionais tigelas de açaí
congeladas (sem xarope de guaraná ou leite condensado) são opções saudáveis e
prazerosas para este verão.
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