Texto
elaborado pelo depto. Científico da VP Consultoria Nutricional
A Síndrome
pré-menstrual (SPM) é um distúrbio comum entre as mulheres durante a fase
reprodutiva. Cerca de 90% das mulheres relatam ter um ou mais sintomas, que
podem variar a cada ciclo menstrual, assim como a intensidade. Ela provoca
alterações comportamentais, emocionais, cognitivas e físicas, comprometendo o
relacionamento no ambiente familiar, social, escolar e profissional. Estas se
manifestam principalmente na semana que precede a menstruação, desaparecendo
alguns dias após o aparecimento do fluxo menstrual. Cerca de 5-10% das mulheres
sofrem de severa síndrome pré-menstrual e 30-40% apresentam sintomas moderados.
Os sintomas
mais comuns da SPM se dividem entre somáticos (irritabilidade, alterações de
humor, comportamento depressivo, impulsividade, aumento de apetite, desejo por
doce e confusão mental) e físicos (fadiga, mastalgia, edema abdominal,
lombalgia, insônia, aumento de peso temporário, enxaqueca, presença de edema
nas extremidades, constipação intestinal e diarreia). A sintomatologia é
provavelmente multifatorial. Existe diferença entre a síndrome pré-menstrual e
a desordem disfórica pré-menstrual sendo, a segunda, diferenciada pela
severidade dos sintomas e com predominância de sintomas emocionais e
disfunções, particularmente, nas relações pessoais e de domínio marital e
familiar.
Diversos
autores relacionam alguns fenômenos relacionados à ocorrência da SPM com
desequilíbrio entre estrógeno e progesterona, excesso de prolactina,
deficiência das vitaminas E e B6, deficiência de minerais, alteração na
atividade de prostaglandinas e na ação da endorfina e serotonina.
Há diversas
estratégias de tratamento com o objetivo de amenizar ou eliminar os sintomas,
muitas já em discussão. Um dos tratamentos, sendo este não medicamentoso,
consiste em alterações comportamentais, repouso adequado, prática de atividades
físicas, atividades relaxantes, terapia cognitiva e mudanças nos hábitos
alimentares, as quais devem ser comumente utilizadas. O tratamento
medicamentoso utiliza diuréticos, antidepressivos, ansiolíticos e supressores
da ovulação, que devem ser usados somente em mulheres com sintomas persistentes
ou que apresentem a síndrome disfórica pré-menstrual.
O aumento no
consumo energético e maior preferência por carboidratos são mais prevalentes em
mulheres com a SPM, mais sensíveis às variações do ciclo hormonal e de
neurotransmissores. Estudos observam maior consumo energético e de todos os
macronutrientes, principalmente lipídios e carboidratos, em mulheres com SPM
durante a fase pré-menstrual. Na fase lútea, a ingestão aumentada de
carboidratos pode ser explicada pela diminuição dos mediadores de serotonina
nessa etapa do ciclo menstrual. A ingestão de carboidratos leva a uma cascata
de reações, resultando em um aumento na síntese de serotonina e a melhora do
humor. É importante lembrar que se deve priorizar o consumo de carboidratos
integrais, pois o consumo de carboidrato simples tem sido associado com edema,
fadiga e distúrbios de humor. Desta forma, é interessante que mulheres com SPM
façam refeições fracionadas e ricas em carboidratos integrais.
Muitos
estudos científicos indicaram efeitos benéficos de alguns nutrientes específicos,
seja adquirido pela alimentação ou na forma de suplemento. Dentre eles estão a
vitamina E, vitamina B6, magnésio, cálcio, manganês, ácidos graxos de cadeia
longa e as isoflavonas. Ainda, mostram resultados positivos, quando se trata da
ação sinérgica entre esses nutrientes. Os efeitos benéficos se dão pela redução
significativa de sintomas, tais como ansiedade, tensão nervosa, alterações de
humor, irritabilidade, depressão, enxaqueca e retenção de líquido. Além da
relação com esses nutrientes, estudos também observaram que mulheres que
praticam atividade física sentem menos sintomas do que as inativas.
Quanto ao
consumo de alguns alimentos, como sal, açúcar, cafeína, produtos lácteos e
álcool, este deve ser reduzido para auxiliar na diminuição da retenção de
líquidos (consumo excessivo de sódio), irritabilidade (consumo excessivo de
cafeína) e cólicas.
Desta forma,
verificamos a importância da mudança de comportamento e estilo de vida, assim
como o acompanhamento nutricional individualizado para garantir a nutrição e o
funcionamento adequado do organismo, para minimizar os sintomas da SPM.
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